segunda-feira, 13 de abril de 2009

Silêncios

Há dias venho tentando escrever algo que me dê vontade de colocar no blog. Nada. Nenhuma ideia. Nenhuma palavra. Vejo apenas uma terra árida, que atravessa a garganta, entope as narinas e silencia os pensamentos. Ando inibida, incomodada, imobilizada. Não é para menos. O tema dos últimos posts foi, e ainda é, difícil para mim. Mas só o transformo em palavras na medida em que o vejo mais claramente, como quando estamos com a máquina fotográfica e damos um passo para trás para focar a imagem no visor. As manchas plásticas, com bordas impalpáveis e cores difusas tornam-se formas, bonitas ou feias, de cores mais precisas, tamanhos mensuráveis. Penso na vontade que temos de exorcizar acontecimentos inexplicáveis, inaceitáveis, usando as palavras, articulando-as com a beleza ou a feiúra que conseguimos acessar no nosso íntimo mais profundo. Penso nessa vontade como se eu estivesse atrás dessa máquina fotográfica, me afastando do objeto para conseguir foco. E penso que depois dessa imagem focada, dos tamanhos discriminados, dos limites divisados, eu gostaria de me afastar ainda mais. Um bom tanto. Bastante. O suficiente para deixar o tema virar um pontinho minúsculo, lá no fundo da minha paisagem. Olhar para ela com sua riqueza de camadas, suas sobreposições, misturas de cores, novas manchas. E deixar esse plano focado, considerado, mas lá no fundo, no infinito, onde ele ainda existe, mas, pelo menos por ora, não é mais tão importante.

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