quinta-feira, 14 de maio de 2009

Yo odio a los que tienen cáncer

“Yo odio a los que tienen cáncer.
Odio a los que luchan contra el cáncer y a las fundaciones amigas.
Odio a los gurúes alternativos, felices de mostrar el camino de la salvación.
Odio a los que interpretan y a los que comprenden y a los que saben lo que tengo que hacer. Odio a los que me lo dicen por mi bien.
A los que derrotan todo tratamiento. A los que reinciden.
A los que se mueren de cáncer, ésos son los peores.”

O texto acima é o início do livro de Patricia Kolesnikov sobre seu câncer de mama. Só quem já passou pela dura experiência sabe o que é sentir tudo isso como uma revolta contra o escancarar da morte, contra a exposição da nossa fragilidade, contra o medo de seguir vivendo sabendo que há um fim, seguir vivendo sem todas as respostas, sabendo que se morrerá sem boa parte delas, que nem o câncer nem seu tratamento nos redimem ou nos respondem a essas questões. Ele é uma coisa terrível, amedrontadora, cuja experiência seria preferível esquecer.

O livro é incrível. Quem recomenda é José Saramago em seu blog. Fala com todas as nuances sobre as reflexões da doente, a dor, o medo e a raiva, suas peripécias pelos médicos, o tratamento impessoal. Conta ainda as reações dos que estão ao lado, desde a postura dos médicos até o carinho da companheira, as visitas inoportunas, a angústia dos pais, seus medos, suas incertezas. Tudo com lirismo, humor e sarcasmo. Está disponível gratuitamente na internet (veja o link na foto da coluna ao lado).

Nenhum comentário:

Postar um comentário